Chegou para você uma demanda de um sistema muito grande e complexo, como, por exemplo, um ERP, um MES ou um LIMS…
Você nunca fez um sistema grande desse jeito, então já fica com um pouco de medo.
↳ “E se eu não entender como funciona o sistema?
↳ “E se eu não souber validar ele direito?”
↳ “E se eu esquecer de alguma coisa?”
↳ “E se…”
Muitos “e se”…
Em primeiro lugar, saiba que isso é normal.
Eu já coloquei muita pressão em mim mesmo com isso. Portava-me como se eu precisasse ser o grande expert naquele sistema.
Spoiler: não precisava.
Aquilo só me causou ansiedade desnecessária.
Esse texto é uma tentativa de diminuir a sua ansiedade e dizer:
→ Calma, jovem! O buraco é grande, mas não é tão fundo quanto parece.
Vou compartilhar algumas dicas que podem te ajudar na validação do seu próximo grande projeto.
Nem tudo precisa ser testado
Quando eu comecei a fazer validação de sistemas, eu lia os manuais dos sistemas para entender quais funções o sistema tinha e botava para testar tudo.
Só que até para um sistema de prateleira acabavam sendo testes demais.
Imagina testar todas as funções de um ERP?
Muito esforço para pouco retorno.
Com o tempo foi ficando mais claro para mim aquele conceito que a ANVISA vem pedindo há um tempo: tomar decisões baseadas em risco.
Nem todas as funções de um sistema são críticas para o produto/paciente.
Antes de sair testando tudo, respira… e faz uma boa análise de riscos.
A análise de riscos vai te mostrar exatamente o que precisa de controle mais rigoroso e o que pode ser tratado de forma mais leve.
Guarde sua energia para testar aquelas funções que são mais críticas.
Você não deve fazer tudo sozinho
A grande verdade é que ninguém entende o processo melhor do que quem o executa.
Ou seja: o pessoal da Qualidade, Produção, Logística, TI, Automação, entre outros, precisam participar.
E mais: softwares grandes e complexos não são como softwares de prateleira. Eles mudam de empresa pra empresa.
Não tem como você validar sozinho nem como consultar seus colegas de outras indústrias e achar que vai trilhar o mesmo caminho.
Cada empresa tem seu próprio processo.
Mais um motivo para se cercar de pessoas que conheçam esse processo mais a fundo.
Não crie essa expectativa sob si mesmo de que você vai conhecer o tudo nos mínimos detalhes… isso vai te fazer mal.
Conte com o apoio das pessoas que fazem parte do processo. Envolva os key-users desde o início e construa essa validação a várias mãos.
A bucha não é só sua.
Tenha atenção especial nas interfaces
As interfaces entre os módulos ou entre diferentes sistemas é algo que costuma ser bastante customizado, e por isso mesmo tem um impacto grande nos processos.
Às vezes, cada módulo ou cada sistema está funcionando perfeitamente de forma isolada, mas a troca de dados entre eles gera distorções, retrabalhos ou falhas que só aparecem no uso real.
Então é importantíssimo olhar as interfaces com um pouco mais de atenção.
Veja as especificações, teste essa interface exaustivamente e também simule condições reais de uso.
A ideia é evitar a propagação do erro.
Se a informação não é trocada corretamente e isso não é identificado, todo o seu processo pode ficar em risco.
Então tenha uma atenção especial para esses casos.
Processos são mais importantes do que sistemas
Não se implementa um sistema por um simples capricho.
O sistema existe para que ele suporte um processo e para que traga eficiência nesse processo.
Se o processo continua bagunçado, o sistema só terá digitalizado essa bagunça.
Por isso é importante que as áreas responsáveis tenham um mapeamento de processos.
Seu papel será estudar esse processo e, durante a análise de riscos multidisciplinar, propor alterações nesse processo quando encontrar um risco mais crítico.
Um processo claro ajuda a configurar o sistema corretamente e, de quebra, torna a validação mais simples, porque você já sabe o que esperar.
Lembre-se: não é sobre testar sistema, é sobre garantir dados confiáveis no processo.
Você não precisa entender tudo
Um ERP, um MES, um LIMS… são enormes.
Você não vai entender tudo. E não precisa.
O que você precisa é de boa comunicação com os especialistas da área, e de saber fazer as perguntas certas:
Esse processo é crítico?
Essa informação afeta o produto?
O sistema impede erros ou só avisa?
O usuário pode burlar alguma regra?
Não tente dominar o sistema por inteiro. É uma luta grande demais e que traz pouquíssimos retornos, especialmente em sistema de categoria 4 e 5.
Foque em garantir que os riscos estejam sob controle nos pontos certos.
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Eles fazem serviços de qualificação e validação para as indústrias de ciências da vida.
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Validar um sistema grande e complexo parece uma missão impossível. Mas com:
Um processo bem mapeado,
Uma análise de riscos bem feita,
Testes integrados bem desenhados,
A participação de quem conhece o sistema e os fluxos,
…você já tem 80% do caminho andado.
Sistemas grandes não são um bicho de sete cabeças.
Mas se você tentar enfrentar ele sozinho, vai parecer que é.
Espero que essas dicas tenham te ajudado. Até a próxima semana!